Santos FC

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sexta-feira, 29 de março de 2013

ASSIM COMO NEYMAR, PELÉ TAMBÉM FOI VAIADO NA VILA BELMIRO


 Pelé foi vaiado na Vila Belmiro. Não me lembro exatamente o ano, mas o time estava exaurido por uma de suas excursões e nosso eterno ídolo não jogou nada na partida. Com raiva, ele chutou a bola para cima das sociais de Urbano Caldeira. Reação normal, de quem se sentiu, com razão, injustiçado – no caso, injustiçadíssimo, nem preciso explicar porque.

Neymar foi vaiado após o empate com o Mogi Mirim. Jogou pouco, esticando uma temporada de partidas em que não marca gols e mostra um exacerbado individualismo em campo. Teve participação decisiva ao, no ar e desequilibrado, oferecer a Cícero a chance de marcar o nosso primeiro gol. Mas foi pouco.

Neymar se disse triste pelas vaias e lembrou que já fez muito pelo Santos. Tem razão ao se sentir triste e ao lembrar que fez muito pelo Santos. Ele, hoje, ressalvadas as devidas diferenças, representa o que Pelé representou para o alvi-negro da Vila Belmiro em seu tempo.

Não estive na Vila Belmiro, mas chamaram-me a atenção algumas circunstâncias em torno das vaias. A principal delas foi o fato de os torcedores que estavam em cima da entrada do vestiário do Santos terem feito questão de declarar que as vaias eram para Neymar – intenção destacada pelo jornalista Samir Carvalho, do UOL, cujos textos só divulgam críticas à atual direção do Santos (será porque ele também trabalha na emissora de TV do ex-presidente do Santos, Marcelo Teixeira?). 

Destaco esse detalhe porque ele me recorda o ocorrido em torno de Ganso, na fase final de seus desentendimentos com a diretoria. Daquele mesmo ponto das arquibancadas, torcedores o chamaram de mercenário e jogaram moedas sobre o atleta. A ação, evidentemente, visava acirrar ânimos e apressar um infeliz desfecho nas negociações entre o Santos e Ganso.

É evidente que o nosso Neymar atravessa um momento pouco produtivo e eu mesmo tenho escrito aqui que ele está muito individualista em campo, querendo do resolver tudo sozinho, sem jogar com os demais companheiros.

Ontem, Muricy disse que ele foi mais “tático”, cumprindo a função de buscar a bola no meio campo e sair jogando com os companheiros. Por que esse entrosamento, digamos assim, não ocorreu antes?

No jogo contra a Inglaterra, Neymar jogou taticamente e teve participação decisiva na construção do gol de Oscar. Já no da Rússia não posso dizer nada, porque não vi. Felipão disse que conversou muito com Neymar. Sua atuação tática terá sido consequência dessa conversa? Felipão chegou a dizer que Neymar jogou como Muricy gostaria que ele fizesse no Santos. Por que ele não jogava assim, então?

O fato é que Neymar vive um momento importante na sua carreira, que aumenta suas responsabilidades. 

Primeiro, convive com uma exaustiva e injustificada especulação sobre seu destino, Santos ou Europa. Na imprensa só se fala disso. Insiste-se na existência de um contrato civil entre Barcelona e Neymar que garantiria a sua transferência para o time catalão em 2014, quando expira seu atual contrato com o Santos. O presidente do Barcelona, Sandro Rosell, também andou elogiando Neymar.

Quem poderia desmentir a existência desse contrato categoricamente, o pai de Neymar, não se manifestou na imprensa. O Santos só pode dizer que não conhece o contrato, pois não é parte dele. O próprio Neymar já disse que não há nada disso, mas só o pai dele pode desmentir categoricamente.

Paralelamente, ganha espaço o debate se é justo, ou não, para o Santos que Neymar deixe o clube em 2014 sem que o alvi-negro ganhe nada, como prevê o atual contrato. Conselheiros corneteiros do Santos, que não constroem só criticam, começam a animar esse debate. Não ficaram felizes e contentes quando o Santos segurou o Neymar e acabou campeão da Libertadores? E agora criticam o acordo que permitiu a permanência do maior jogador do país no nosso time? Cobram que o Santos prove que a permanência de Neymar rendeu dividendos para o clube. Querem a resposta em cifrões, esquecendo-se que a presença do garoto rendeu benefícios ao alvi-negro em valores concretos (melhores patrocínios, cotas de TV, aumento de torcida) e intangíveis como o fortalecimento da imagem do clube, que acabará gerando mais recursos financeiros.

De todo modo, a direção do Santos conversa com o pai de Neymar sobre uma possível renovação de contrato até 2016, o que tem gerado constantes notícias na imprensa. Dessa conversa, podem resultar: nada; a permanência dele por mais dois anos; ou, se assinado o contrato, a possibilidade de quem levar Neymar em 2014 tenha que pagar uma multa, o que seria um ganho para o Santos e até para a DIS, que detém parte dos direitos econômicos sobre o jogador. Mas acredito que essas negociações ainda vão se arrastar.

Outro desafio importante e de peso com o qual Neymar está convivendo é a proximidade da Copa das Confederações, competição em que terá que mostrar ao mundo que é o grande jogador que todos acreditam que seja. Por enquanto, Neymar sofre na Seleção Brasileira o mesmo problema pelo qual Messi passou na da Argentina. Não joga à altura de seu talento. A Copa é o momento para confirmar sua genialidade – ou não.

Pelé não teve que enfrentar todas essas circunstâncias no seu tempo. Estreou na Seleção tendo participação decisiva na conquista da Copa do Mundo de 1958. Entre 1958 e 1968, teve, ao seu lado no Santos, um esquadrão de craques que jogava por música. E, embora clubes europeus tenham tentado contratá-lo, o futebol brasileiro era de primeira linha e não havia a pressão dessa febre especulativa que caracteriza a mídia nestes tempos de Internet.

Ao fazer essa comparação, quero deixar claro que não estou igualando Neymar a Pelé futebolisticamente, apenas comparando as circunstâncias que envolvem e envolveram duas estrelas do Santos, cada uma em seu tempo.

O que o nosso Neymar precisa é de compreensão em relação ao momento que vive e às dificuldades que enfrenta, principalmente de nós, a torcida do Santos, porque das outras nada se pode esperar. Em campo, nosso time precisa se entrosar de vez, Montillo deve voltar a ser o de 2011 e Neymar deve jogar coletivamente, sendo o ariete de uma equipe taticamente organizada.

A nós cabe o papel de rezar, e rezar muito, para que Muricy consiga por esse desenho em prática e torcer e incentivar nosso time em campo.

2 comentários:

  1. Caro Serrano,

    desculpe-me, mas quem esteve na Vila disse que as vaias foram direcionadas ao time e ao técnico. Assim, você reproduzir notícias do UOL ou fontes que idênticas para basear parte do seu post é dar munição para esta corja.

    Outra ponto é você dizer que a especulação pela imprensa da saída de Neymar é injustificada. Injustificada? Claro que não, todo torcedor do Santos sabe que grande parte dela quer Neymar fora do Santos e do Brasil, não só porque ele é uma pedra no sapato dos rivais e, principalmente, porque há muitos jornalistas intere$$sados na venda dele (na realidade indiretamente, através de quem realmente tem interesse - DIS, 9ine, Wagner Ribeiro, etc.). Por isso, vaias para a equipe viram vaias para Neymar, como Samir do UOL relatou, Cosme Rímoli do portal R7, ...

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  2. Bom dia caro Serrano, a diretoria não enxerga o q acontece nos bastidores, ou são coniventes? Até qdo teremos q aguentar esse técnico? Sei q querem fazer as coisas certas, mas tudo tem limite. A equipe precisa de nova mentalidade no comando técnico, pq insistir com alguém q já tentou e não conseguiu mudar o time, esse técnico não consegue dar padrão de jg, não treina jogadas, não se recicla, não muda suas convicções, ou seja, parou no tempo. Há de se fazer algo, antes q sr torne algo impossível de reverter. Abraços santasticos.

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