Laor foi
enterrado ao por do sol de hoje, no Cemitério Gethsemani, aqui em São Paulo, ao
som de “Agora quem dá bola é o Santos”, cantado por suas filhas. Ao que um
amigo completou “Nascer, viver e no Santos morrer é um orgulho que nem todos
podem ter”.
Todos nós,
santistas, temos esse orgulho pelo Santos e a maior parte de nós temos muito
orgulho pelo que o Laor fez pelo Santos, nos levando, 40 anos depois, a ser
novamente campeões da Libertadores da América. Foi o presidente mais vitorioso
desde a era de Athié Jorge Coury, que comandava um time com o genial e
incomparável Pelé.
Laor, além dos
títulos conquistados, foi um presidente diferenciado, e até por isso mesmo levou o time a essas
consagrações.
Sociólogo, politicamente experimentado a nível nacional e
internacional, colocou seu talento a serviço de reconquistar o lugar do Santos
no cenário do futebol mundial. Colocou seu talento a serviço de sua paixão, o
Santos Futebol Clube.
Paixão de
família. Laor nos deixa quando o Santos comemora o centenário da Vila Belmiro.
Seu avô, Álvaro Ribeiro, quando presidente em exercício do Santos, assinou a
escritura de compra do terreno da Vila Belmiro, finalizando um negócio iniciado
pelo presidente Agnelo Cícero de Oliveira, meu tio avô, que estava licenciado
por problemas de saúde.
Coincidências
da história: Álvaro Ribeiro morreu às vésperas da inauguração do estádio, seu
neto, Luís Álvaro morreu no centenário.
Pus uma
colher nessa história de paixão entre Laor e o Santos. Em 2003, nosso grupo
procurava um candidato viável, que pudesse vencer a resistência de boa parte
dos santistas de Santos a um candidato a presidente de São Paulo. Disse-lhe que,
por ter nascido em Santos, onde viveu por 3 anos, e pela sua história familiar
no clube, ele poderia conquistar a simpatia de muitos eleitores. Em 2003, só
conquistou 40% dos votos, mas o recall e as mudanças no ambiente político no
clube, levaram à vitória de 2009.
Por trás dos
títulos conquistados na era Laor, esteve a sua ousadia em contrariar a sina de
exportação permanente dos craques brasileiros para o exterior ao menor sinal de
demonstração de talento. Manter Neymar por dilatado período na Vila Belmiro foi
fundamental para as conquistas do Santos e mostrar ao Brasil que exportar craques
não é uma maldição inescapável.
O fim dessa
história foi controverso, com o pai de Neymar jogando aèticamente e Laor pressionado
pelo risco de criar um caso com o craque e seu progenitor, a poucos meses da
disputa do tão sonhado título mundial em Tóquio contra o então invencível
Barcelona. Pior, pressionado pela deterioração de seu estado de saúde, que
levou-o a, mais adiante, a renunciar à
presidência do clube. Não foi um momento fácil. Assim como não é fácil ser
presidente de clube de futebol no Brasil de hoje.
Piadista,
frasista, alegre, bem humorado, ótimo de conviver, Laor tocou a presidência do
Santos muitos tons acima do tradicional. Apontou um caminho para um clube que procura
restaurar toda a sua grandeza passada, única na história do futebol mundial. Com
ele, vislumbramos a possibilidade de avançar e vivemos uma era de felicidade,
nos enchendo diariamente do orgulho que nem todos podem ter.
Em sua nova dimensão,
Laor deve ter sido recebido com esse orgulho por seu avô e certamente darão
muitos vivas ao centenário do estádio onde o maior jogador de todos os tempos,
Pelé, desfilou seu inigualável talento, liderando um time fantástico e, de
tempos e tempos, revela uma nova safra de craques para o futebol.
Obrigado
Laor por colocar a sua paixão a serviço da paixão de todos nós.
Viva Laor!
Viva o Santos Futebol Clube!
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